Portugal é o terceiro país da Zona Euro com a maior subida do preço das casas em 2023
2023-10-03 / ECO
Este ano, as casas acumulam uma subida de 4,5%, enquanto na Zona Euro os preços corrigiram 0,8%. No espaço da moeda única, só a Croácia e a Letónia registaram maiores subidas dos preços que Portugal.
Os salários em Portugal estão a subir, pelo menos, em termos brutos. Segundo os dados do Instituto Naiconal de Estatística (INE) divulgados esta quinta-feira, a remuneração bruta média por trabalhador aumentou 6,1% para 1.443 euros por mês, no trimestre terminado em março (face ao período homólogo). Este crescimento dos salários foi sentido em todas as atividades económicas, construção e imobiliário inclusive.
No último ano, observou-se uma queda generalizada dos preços das casas nas economias mais avançadas do mundo. E isso deveu-se ao menor poder de compra gerado pela alta inflação e elevados juros, que levou a um arrefecimento na compra de casas. Mas, ao que tudo indica, esta que é considerada a maior crise imobiliária da última década estará a passar por um ponto de viragem. Isto porque no conjunto de 37 países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os preços das casas, em termos nominais, subiram 2,1% no terceiro trimestre do ano passado, um resultado positivo face à estagnação do custo da habitação observada no início de 2023.
Os avisos de Christine Lagarde oficializaram-se: as taxas de juro diretoras do Banco Central Europeu (BCE) voltaram a subir 25 pontos base esta quinta-feira, dia 27 de julho, atingindo os 4,25%, o maior valor registado desde o verão de 2008. Uma vez mais, este novo aperto da política monetária vai voltar a pressionar a subida das taxas Euribor, que já estão em 4%, elevando as prestações da casa das famílias. Todo este cenário indica que os custos associados ao crédito habitação não deverão baixar tão cedo.
O mercado imobiliário tem sentido na pele os efeitos do rápido aperto da política monetária em todo o mundo.
Em Portugal, o mercado residencial muito mudou ao longo dos últimos 12 anos. Mas há uma questão estrutural que permanece: há falta de casas no país. É este desequilíbrio entre a oferta de habitação e a procura (muito impulsionada por estrangeiros) que está por detrás da subida dos preços das habitações. Os dados do Eurostat esta terça-feira publicados mostram que as casas para comprar no nosso país ficaram 80% mais caras desde 2010 até ao terceiro trimestre de 2022. E as rendas das casas subiram mais de 25% entre estes dois momentos. Esta evolução superior à média da União Europeia (UE).
A subida dos juros diretores pelo Banco Central Europeu (BCE) em 250 pontos base está a encarecer os custos dos créditos habitação nos vários países que compõem a União Europeia (UE). E vários já estão a sentir os seus efeitos, nomeadamente na dinâmica dos mercados residenciais. Um deles é mesmo a Dinamarca, onde as casas estão a ser vendidas com descontos cada vez maiores. Em resultado, os preços das casas para comprar caíram 2,1% no terceiro trimestre face aos três meses anteriores, sendo esta a maior queda nos preços desde 2011.
O setor imobiliário estava de boa saúde até ao final de 2021: comprar casa era mais fácil dado os baixos custos com o crédito habitação. E, em resultado, os preços das casas continuaram a aumentar. Mas, agora, o cenário é diferente. As famílias têm de lidar com prestações cada vez mais caras, dada a subida dos juros nos empréstimos da casa. E têm menor poder de compra devido à alta inflação. Este cenário irá enfraquecer a procura de casas e, por conseguinte, abrir caminho para o arrefecimento do mercado imobiliário global, por via da queda da venda de casas e do preço das habitações.
Os custos de construção em Portugal sobem mais devagar do que Zona Euro, enquanto os preços das casas crescem a um ritmo bem superior que a média dos 20 países da área do euro.
Em março, a taxa de inflação mensal em Portugal foi de 2,3%, enquanto na Zona Euro fixou-se nos 0,8%. Portugal destacou-se, inclusive, como sendo o país com o maior aumento de preços.
Investimento e consumo das famílias foram decisivos para o crescimento da Zona Euro e da UE entre agosto e outubro. Emprego aumentou 0,3% nos países da moeda única e desceu em Portugal.
Em Portugal os preços das casas subiram 7,8% no quarto trimestre. A variação fica acima da média da União Europeia (0,2%) e contraria a tendência da zona euro (-1,1%). Foi a quinta maior subida de preços no bloco europeu
Pela primeira vez em dez anos, os preços das casas caíram na União Europeia e na zona euro. Portugal fugiu a este movimento e registou a terceira maior subida de preços entre os países da moeda única.
A CNN Portugal analisou o aumento registado em julho, face ao mesmo mês do ano passado, em mais de 160 produtos. Desses bens e serviços, 54 registaram um crescimento em Portugal superior ao valor médio na zona euro. Há aumentos que chegam a superar os 50% desde julho do ano passado
Cenário-base feito pela Moody’s aponta para uma variação dos preços das casas entre -3% e 1% em Portugal